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Zelensky em Londres:"Vou sair deste parlamento a agradecer-vos ...

Zelensky em LondresVou sair deste parlamento a agradecervos
Em visita surpresa ao Reino Unido, Zelensky discursou no Westminster Hall perante uma plateia que não poupou nos aplausos quando foi anunciada a sua entrada. Pediu “asas” para os pilotos ucranianos, recordou o momento em que há dois anos se sentou n

O avião da Royal Air Force que transportou o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky aterrou no aeroporto de Stansted antes das dez e meia da manhã. Depois de ter falado na Câmara dos Comuns em Londres a 8 de março do ano passado através da internet – o formato a que Zelensky tem dado preferência para se apresentar em parlamentos de vários pontos do mundo – desta vez o líder ucraniano pisou o território britânico. O momento volta a ser simbólico: é apenas a segunda visita do Presidente ucraniano ao exterior desde que a guerra começou, surge perto da data que assinalará o primeiro ano do conflito, e a deslocação acontece numa altura em que Kiev receia que a Rússia esteja a mobilizar até 500 mil soldados de reserva, com a intenção de realizar operações ofensivas entre a primavera e o verão.

“Há dois anos agradeci-vos pelo delicioso chá inglês, e vou sair deste parlamento hoje a agradecer-vos antecipadamete pelos poderosos aviões ingleses”. Foi uma das frases finais do discurso de Zelensky, ao falar no Westminster Hall. O Presidente ucraniano não fez o pedido por aeronaves de combate de mãos vazias. Em troca, entregou o capacete de um piloto ucraniano ao presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle. Escrito no capacete estava a mensagem: “temos liberdade, deem-nos asas para a proteger”.

Depois de discursar no Parlamento, Zelensky vai encontrar-se com o Rei Carlos III no Palácio de Buckingham, durante a tarde. Indicando sentir-se honrado, deixou também a mensagem de que “o Rei é um piloto da força aérea e na Ucrânia, atualmente, todos os pilotos da força aérea são reis”.

Não foi a única história a marcar as palavras do Presidente ucraniano, que recordou uma visita às salas de guerra de Churchill quando se deslocou ao Reino Unido em 2020. Zelensky diz que na altura o guia lhe deu a possibilidade de se sentar na cadeira de Churchill e perguntou como se sentia. Aquilo que sentiu, descreveu, só agora compreende: “é o sentimento de como a coragem te leva por dificuldades inimagináveis até finalmente te recompensar com a vitória”.

“A vitória vai mudar o mundo”

Zelensky reiterou a necessidade de responsabilizar as ações da Rússia com a criação de um tribunal especial que julgue a agressão levada a cabo contra a Ucrânia e de um mecanismo de compensação financiado com os bens russos que foram congelados.

As sanções também foram elogiadas. “Precisamos de nos manter neste caminho até a Rússia ser privada de qualquer possibilidade de financiar a guerra”, lançou.

“Sabemos que a liberdade vai ganhar. Sabemos que a Rússia vai perder e que a [nossa] vitória vai mudar o mundo, e esta será uma mudança que o mundo há muito precisava. O Reino Unido está a marchar conosco para a mais importante vitória das nossas vidas, uma vitória sobre a própria ideia de guerra. Depois de ganharmos, qualquer agressor, seja pequeno ou grande, saberá o que o espera se atacar a ordem internacional”, defendeu.

Reconhecendo a impossibilidade de garantir que não voltem a existir guerras, Zelensky considera que “está dentro das nossas capacidades garantir que com palavras e ações o lado da luz da natureza humana vai prevalecer”.

epa / neil hall

O discurso de Zelensky foi precedido pela intervenção de Lindsay Hoyle, que lamentou os “horrores" infligidos ao povo ucraniano e garantiu união na crença pelo poder da democracia.

Esta manhã houve também um período de perguntas ao primeiro-ministro. As intervenções expressaram a vontade de união e continuidade de apoio à Ucrânia. O amarelo e azul da bandeira estiveram presentes na lapela de vários deputados, a guerra foi descrita como uma “barbaridade”, sugeriu-se um minuto de silêncio nacional no dia em que se assinalará um ano de guerra, e houve ainda quem descrevesse sentir-se “honrado” por ouvir Zelensky.

Em resposta a perguntas de Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, o primeiro-ministro reiterou o apoio do país à Ucrânia. “O nosso objetivo continua a ser assegurar a vitória de Ucrânia neste conflito, a agressão de Vladimir Putin não pode ser vista de forma nenhuma como tendo tido sucesso”, declarou Sunak.

Anunciadas novas sanções e treino de pilotos

Uma fotografia no Twitter com o primeiro-ministro Rishi Sunak e Zelensky, deu nota da chegada matinal do líder ucraniano. Pouco depois, o momento foi marcado com declarações políticas. O Governo do Reino Unido disponibilizou-se para alargar a formação de tropas ucranianas, incluindo com treinos de caças de combate “padrão” da NATO para os pilotos. Vai arrancar também um programa de treino de fuzileiros navais e anunciou-se apoio à Ucrânia com equipamento de maior alcance.

Foram também anunciadas novas sanções contra a Rússia, que têm como alvo seis entidades que fornecem ao país equipamento militar, como drones, oito indivíduos e uma entidade com ligações a “redes financeiras nefastas que ajudam a manter riqueza e poder entre as elites do Kremlin”.

De acordo com o comunicado, as medidas abrangem personalidades como Viktor Myachin, dono da Aerostart, uma empresa russa de manutenção e reparação de aeronaves, e empresas como a CTS, que fabrica drones russos que segundo o Reino Unido são usados para destruir veículos de combate ucranianos.

“Estas novas sanções aceleram a pressão económica sob Putin – enfraquecendo a sua máquina de guerra para ajudar a Ucrânia a prevalecer. Estou determinado, de acordo com as nossas leis, que a Rússia não terá acesso aosbens que congelámos até que acabe, de uma vez por todas, as suas ameaças à soberania e integridade territorial da Ucrânia”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros James Cleverly.

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