Trabalhadores da Zara do Rossio em greve exigem aumentos ...
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Os trabalhadores da Zara do Rossio, em Lisboa, arrancaram com uma greve na manhã desta sexta-feira, 27 de dezembro, com pedidos de um aumento salarial. Os manifestantes aproveitaram o período pós-Natal para reivindicar a subida do salário de todos os empregados em 15 por cento, o equivalente a um mínimo de 150 euros.
Convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), a paralisação apontava para uma adesão de cerca de 25 por cento no turno da manhã. Apesar da concentração, as portas abriram às 10 horas da manhã, embora sob protestos e ruído.
Segundo o sindicato, o salário mais baixo para um trabalhador a tempo inteiro ronda os mil euros brutos. Pede, por isso, “a valorização das carreiras profissionais, fim da discriminação dos prémios e fim da pressão e repressão”. “O grupo Inditex/ITC opta pela manutenção da precariedade e do trabalho barato, correndo com os trabalhadores a tempo inteiro e com salários mais altos”, acusam ainda.
O CESP recordou ainda que embora a Inditex tenha inaugurado um dos maiores pontos de venda no mundo no nosso País, a empresa continua a encerrar espaços em Portugal. “Até janeiro, o grupo vai fechar mais 15 lojas em Portugal com o objetivo de ‘despachar’ os trabalhadores mais antigos”, refere. “
“Esta empresa multimilionária teria a obrigação de colocar os trabalhadores das lojas encerradas noutras do grupo, mas isso não está a acontecer”, afirmou, sublinhando que “está a propor aos trabalhadores a ida para lojas noutros distritos, com redução de carga horária”.
A paralisação acontece numa altura em que o grupo Inditex continua a bater recordes. A empresa que detém a Zara acumulou mais de quatro mil milhões de euros de lucro nos primeiros nove meses do ano.
A loja, inaugurada há três meses a Praça D. Pedro V, no Rossio, em Lisboa, emprega cerca de 120 pessoas e ocupa quatro andares e mais de 5 mil metros quadrados. Inclui coleções de vestuário, acessórios masculinos, femininos e infantis, além de artigos de cosmética e produtos para o lar da Zara Home, que deixou de ter presença na Baixa da cidade em 2023.
A loja está instalada no emblemático edifício que anteriormente acolhia a Pastelaria Suíça. O projeto de renovação do quarteirão histórico, denominado “Rossio Pombalino”, é assinado pelo escritório de arquitetura Contacto Atlântico e recebeu aprovação da Câmara Municipal de Lisboa em 2020.
Inicialmente, a conclusão do mega empreendimento estava prevista para setembro de 2023, mas o prazo foi adiado em 12 meses.
O conjunto de quatro edifícios foi adquirido pela empresa espanhola Mabel Capital por 62 milhões de euros, em fevereiro de 2018. Com um total de 12 mil metros quadrados, o espaço será um centro comercial com diversas lojas, embora o plano inicial incluísse um hotel de luxo e vários apartamentos.