Musk quer mesmo comprar OpenAI ou está só a escalar a guerra ...
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Depois de um processo em tribunal e muitos tweets de ataque, Elon Musk desferiu um novo golpe contra Sam Altman. O Wall Street Journal avançou na segunda-feira que Musk lidera um consórcio que fez uma oferta de compra de 97,4 mil milhões de dólares (94 mil milhões de euros) pela organização sem fins lucrativos que controla a OpenAI, a startup que desenvolveu o ChatGPT e da qual Altman é CEO.
“É tempo de a OpenAI voltar a ser uma força de código aberto, focada na segurança e no bem como já foi em tempos”, declarou Elon Musk num comunicado divulgado pelo seu advogado Marc Toberoff. “Vamos garantir que isso acontece.” No ano passado, Musk processou Altman e a OpenAI por considerar estar em curso um desvio da missão de desenvolver IA para benefício da humanidade, a razão que levou à sua criação em 2015.
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Ao lado de Musk, que se envolve na oferta através da sua empresa de inteligência artificial, a xAI, estão alguns nomes de peso na indústria financeira, como a Valor Equity Partners, a Baron Capital, a Atreides Management, a Vy Capital ou a 8VC, a sociedade de capital de risco liderada por Joe Lonsdale, que cofundou a Palantir. O empresário de Hollywood, Ari Emmanuel, um nome próximo de Musk, e que é CEO da Endeavor, também está envolvido no negócio através do seu fundo de investimento.
A oferta é mais um capítulo da disputa entre Elon Musk e Sam Altman, o CEO da OpenAI, que dura há anos. Primeiro, Altman usou o X para reagir à oferta. “Não, obrigado, mas podemos comprar o Twitter por 9,74 mil milhões se quiseres”.
Swindler
— Elon Musk (@elonmusk) February 10, 2025
Uma farpa que atingiu Musk em dois pontos: usando o antigo nome da rede social, que Musk fez questão de rebatizar, e mudando a vírgula do valor oferecido pela sua empresa para frisar a desvalorização do X (valerá cerca de 9,4 mil milhões, muito abaixo dos 44 mil milhões pagos). “Vigarista”, respondeu-lhe o patrão da Tesla, também num post na mesma rede. Uma alternativa ao epíteto “Scam Altman” (esquema Altman) que já usou noutras ocasiões para sublinhar a rivalidade.
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“A OpenAI não está à venda”, frisou, já esta terça-feira, Altman em entrevista à Bloomberg, durante a cimeira de inteligência artificial (IA), em Paris. “O Elon tenta todo o tipo de coisas a toda a hora, este é o episódio desta semana”, respondeu, encolhendo os ombros. “Acho que ele está só a tentar abrandar-nos, é um concorrente e já levantou muito dinheiro para a xAI [a empresa de IA de Musk], está a tentar competir connosco de uma perspetiva tecnológica, de ter o produto no mercado. E queria só que ele competisse através de um produto melhor, mas há muitas táticas, vários processos. Vamos só concentrar-nos e continuar a trabalhar”, explicou. Depois, passou ao ataque. “Provavelmente toda a vida dele vem de um sentimento de insegurança. Tenho pena dele, (…) acho que não é uma pessoa feliz.”
Elon Musk, o apostador
Os especialistas dividem-se sobre o futuro da oferta. Dan Ives, analista da Wedbush, corrobora, numa nota, que a casa de investimentos “vê a oferta não como competitiva, mas como uma intenção de abrandar a OpenAI”. Fala mesmo na probabilidade de ser “o início de uma novela maior que deverá desenrolar-se entre Musk e Altman”. Mas há uma relativa unanimidade em considerar que o avanço de Musk é feito num momento sensível para Altman, que tenta fazer alterações à estrutura da OpenAI, para refletir uma organização mais orientada para o lucro.