16 meses seguidos com Covid-19: Novo recorde registado em paciente britânico
Médicos do King’s College London e do serviço nacional de saúde britânico (NHS) afirmam ter encontrado o recorde da mais longa infeção com Covid-19. O paciente, cujo nome não foi divulgado, esteve infetado durante 16 meses, ou 505 dias, e acabou por morrer da doença.
Após uma análise detalhada das características clínicas do caso, os médicos garantem que a infeção foi constante ao longo dos 16 meses, não se tratando, por isso, de uma sucessão de vários contágios dispersos.
“Estamos a falar de testes de PCR que eram sempre positivos. O paciente nunca teve um teste negativo”, diz Luke Blagdon Snell, um dos médicos envolvidos no caso. “E podemos dizer que foi uma infeção contínua porque a assinatura genética dela – a informação que obtivemos da sequenciação do genoma viral – era única e constante naquele paciente”, explica.
Este caso foi relatado no âmbito de um novo estudo dos médicos da King’s College London e do NHS, onde acompanharam nove pacientes com Covid-19 persistente. O objetivo do estudo era também explorar o impacto causado por um sistema imunitário debilitado em casos de Covid persistente, pelo que todos os participantes no estudo padeciam de ambas as condições. Blagdon Snell diz que as pessoas com sistemas imunitários fracos, resultante de transplantes de orgãos, HIV, cancro, ou outros problemas médicos anteriores, “têm resultados muito fracos em infeções persistentes”.
As infeções persistentes são particularmente preocupantes para a comunidade científica, pois têm o potencial de criar novas variantes ao permitir ao vírus mais tempo para adquirir mutações dentro do corpo do paciente. De facto, muitos médicos acreditam que foi precisamente esta dinâmica que terá estado na origem da variante Alpha.
O vírus do paciente em causa terá adquirido 10 mutações durante os 16 meses, daí os médicos que lideraram o estudo acharem “imperioso” desenvolver novos tratamentos para lidar com estas infeções.